Blog

Exame Radiológico de Displasia Coxo Femural

Introdução

A displasia coxofemoral (DCF) tem-se destacado ao longo dos anos como a patologia mais estudada pela medicina veterinária ortopédica e disseminação congênita através de vários genes (mais de 100) mais a relação com a displasia de cotovelo são os temas dos estudos mais recentes que se concentram nos cães, sendo que as pesquisas envolvendo gatos representam apenas uma pequena parte destes estudos (Maki et al., 2000).

Histórico

Inicialmente descrita por Schnelle em 1930 (Smith, 1997), a displasia coxofemoral (DCF) teve seus primeiros estudos realizados em cães da raça Pastor Alemão, sendo que 40% dos animais avaliados apresentavam a doença sendo que até então acreditava-se que sua ocorrência em gatos era rara (Schnelle 1954) .

Posteriormente demonstrou-se que cães de pequeno porte, gatos e outras espécies como as chinchilas também apresentam DCF (Riser, 1974).

A Articulação Displásica

A DCF é descrita como a má formação das estruturas articulares com graus variáveis de luxação, afetando machos e fêmeas em igual proporção podendo estar presente em uma ou ambas articulações (Henricson et al., 1966).

É causada por um fator poligênico recessivo (Montgomery, 2000) com lesões agravadas por fatores ambientais desfavoráveis como terrenos em declive e pisos lisos. O excesso de exercícios com sobrecarga muscular também contribui para o agravo dos sintomas (Bennett e May, 1995).

A displasia é uma doença genética que causa degeneração das estruturas articulares gerando graus diversos de artrite e artrose o que causa uma grande sensibilidade dolorosa e devido à luxação que ocorre em graus variáveis, o animal pode chegar a ficar completamente paralisado. 

O primeiro passo para o desenvolvimento da artrite é uma lesão na cartilagem articular devido a uma anormalidade biomecânica por um desenvolvimento defeituoso hereditário, da articulação coxo-femoral.

Não é possível prever quando um cão displásico começará a apresentar sinais clínicos de claudicação devido à dor. Existem muitos fatores ambientais com a ingestão excessiva de alimentos calóricos, o nível de exercícios a que o animal é submetido e o tipo de piso em que vive são fatores que agravam a doença.

Exame Radiográfico

A incidência padrão, adotada pela OFFA, para o exame radiográfico é a ventrodorsal com os membros paralelos entre si e em relação a coluna vertebral, com rotação medial de forma que as patelas se sobreponham aos sulcos trocleares (Kealy e Mcallister, 2000).

Para realização deste exame é necessário o uso de sedação para proporcionar ao animal um grau de relaxamento muscular adequado, evitando assim, um posicionamento incorreto (Sommer e Griecco, 1997).

Os animais avaliados devem ter idade mínima de 24 meses e o grau de lesão é dado através da avaliação morfológica das estruturas articulares e da mensuração do índice de Norberg (Douglas e Willianson, 1975).

Os sinais radiográficos comuns a todas as espécies são o raseamento acetabular, incongruência entre a cabeça femoral e o acetábulo com graus variáveis de luxação, deformação da cabeça e colo femoral e sinais de artrose nos casos crônicos (Kolde, 1974).

Informações Gerais

A Orthopedic Foundation For Animals, um instituição sem fins lucrativos, foi criada em 1966 para padronizar o exame radiográfico das articulações coxofemorais e de cotovelo. As radiografias avaliadas pela OFFA seguem o protocolo recomendado pela associação Americana de Medicina Veterinária. Esta análise é mundialmente aceita para detecção de displasia coxofemoral e de cotovelo sendo a OFFA a única instituição credenciada pela FCI para tal exame. 

Existe uma tendência mundial para que em qualquer competição ou exposição internacional seja exigido que o animal seja submetido a sua análise.

Radiação e Segurança

O exame radiográfico não apresenta riscos ao animal ou às pessoas envolvidas desde que sejam seguidos as recomendações de proteção radiológica adequadas. 

Envio das Radiografias

A OFFA permite que médicos veterinários radiologistas de outros países que sejam devidamente cadastrados, realizem o exame para detecção da displasia coxofemoral. As radiografias devem ser enviadas pelos proprietários junto com a taxa de US 30,00 cobrada pela análise e o formulário de avaliação devidamente preenchido.

Considerando-se que um exame de displasia custa em média R$ 100,00 no Brasil mais as despesas de envio cobradas pelo correio o custo médio total do procedimento é de aproximadamente R$ 300,00.

Visando minimizar ao máximo a ocorrência da doença e tornar internacional o padrão do exame radiográfico de displasia dos animais brasileiros, os proprietários que submeterem as radiografias à avaliação da OFFA diretamente pelo Vetimagem – Unidade Pompéia ficam isentos das taxas de envio cobradas pelo correio, pagando apenas a realização do exame (R$ 100,00) e a taxa cobrada pela OFFA (US$ 30,00) reduzindo o custo total do procedimento praticamente pela metade.

Um desconto especial é dado àqueles criadores que trouxerem mais de um animal para a realização do exame ou mesmo de uma ninhada inteira.

Maiores informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 3873-6740 ou por e-mail infooeste@vetimagem.com.br












Referências:

01. Maki K, Liinamo AE, Ojala M. Estimates of genetic parameters for hip and elbow dysplasia in Finnish rottweilers. Journal Animal Science. 2000; 78 (5): 1141 – 48.

02. Hardie EM, Roe SC, Martin FR. Radiographic Evidence of degenerative joint disease in geriatric cats: 100 Cases (1994-1997). Journal Of The American Veterinary Medic Association. 2002; 220 (10): 1454 - 56.

03. Keller GG, Corley, EA. Hip dysplasia: Orthopedic Foundation for Animals: Data on the Maine Coon Cat. Maine Coon Breeders and Fanciers Association Scratch Sheet.1996; p. 18.

04 – Schnelle GB. Congenital dislocation of the hip and sequelae. American Veterinary Medical Association Annual Meeting. 1954, p. 253.

05 - Riser WH. The dog as model for study of hip dysplasia. Journal of Veterinary Pathology. 1975 (121): 229.

06 - Riser WH. Displasia coxofemural canina. In: Bojrab, MJ. (ed) Mecanismo das moléstias na cirurgia dos pequenos animais 2a. ed. São Paulo: Manole, 2000, p.924 – 31.

07 - Johnson, LC. Kinetics of osteoarthritis. Laboratory Investigation. 1959 (8): 1223.

08 - Riser WH, Shirer JF. Correlation between hip dysplasia and pelvic muscle mass. American Journal Veterinary Research. 1967 (124): 769.

09. Souza AFA, Tudury EA. Displasia coxofemoral: diagnóstico clínico e radiológico – revisão. Clinica Veterinária. 2003; 8 (47): 54 – 66.

10. Tôrres RCS, Silva EF, Rocha BD. Displasia coxofemoral – freqüência em cães da raça rottweiler no estado de Minas Gerais. Revista CFMV. 2003; 9 (28): 60 – 64.

11. Smith, G.K. Advances in diagnosing canine hip dysplasia. Journal of American Veterinary Association, 1997, 210 (10): 1451 – 57.

12. Henricson B, Norberg I, Olsson SE. On the etiology and pathogenesis of hip dysplasia - a comparative review. Journal Small Animal Practice, 1966; 1 (7): 673 -88.

13. Wisner ER, Konde LJ. Disease of the immature skeleton. In: Thrall DE. Textbook of Veterinary Diagnostic Radiology. 4ª ed. Sauders: Philadelphia; 2002. p. 146 – 58.

14. Lapiere C. Aparelho locomotor. In: Semiologia Radiológica nos Pequenos Animais. São Paulo: Andrei, 1986, cap. 2, p. 30. 

15. Bennett D, May C. Moléstias articulares de cães e gatos. In: Ettinger SJ. Tratado de Medicina Interna Veterinária. São Paulo: Manole, 1995, v.2, cap. 149, p. 2805 - 66.

16. Morgan JP. Joints. In: Radiology in Veterinary Orthopedics. Philadelphia: Lea & Febirger, 1972, cap.2, p. 171-215.

17. Keller GG, Reed AL, Lattimer JC, Corley EA. Hip dysplasia: A feline population study. Veterinary Radiology and Ultrasound. 1999; 40 (5): 460 - 64.

18. Biasi F, Motta T, Bergamo FMM. Afecções ortopédicas de cães e gatos em crescimento. Cães & Gatos. 2000; 15 (95): 16 – 25.

19. Fossum, T.W.; Hedlund, C.S.; Hulse, D.A.; Johnson, A. L.; Seim, H. B.; Willard, M.D.; Carroel, G.L. Small Animal Surgery. Missury: Mosby, 1997, p. 1195.

20. Hedhammar A, Olsson SE, Anderson SA. Canine hip dysplasia: study of hereditability in 401 litters of German shepherd dogs. Journal of American Veterinary Medicinal Association, 1979; 174 (4): 1012 - 16.

21. Montgomery RD. Toma de decisiones em el manejo de la displasia de cadera canina. Walthan Focus. 2000; 10 (1): 26 - 31.

22. Stunkard JA et al. Evolution of hip dysplasia in German shepherd dog. Medicine Veterinary Practice, 1969; 40 - 44.

23. Riser WH. The dysplasic hip joints: ist’s radiographs for canine dysplasia. Journal of American Veterinary Radiology Society, 1973; 14 (24): 73 - 79.

24. Dennis R, Kirberger RM, Wringley RH, Barr J. Appendicular skeleton. In: Handbook of Small Animal Radiological Differential Diagnosis. Philadelphia: Sauders, 2001, cap. 3, p. 39 – 46.

25. Riser WH, Larsen JS. Influence of breed somatotype on prevalence of hip dysplasia in the dog. Journal of the American Veterinary Association. 1974; 1 (165): 79.

26. Hayes, H.M.; Wilson, G.P.; Burt, J.K. Feline hip dysplasia. Journal of the American Animal Hospital Association. 1979 (5): 447 - 48.

27. Lust GA, Rendano UT, Summers BA. Canine hip dysplasia: concepts and diagnosis. Journal of American Veterinary Medicinal Association, 1985; 187 (6): 638 - 40. 

28. Brinker WO, Piermattei DL, Flo GL. Pelvic Limb. In: Handbook of Small Animals Orthopedics and Fractures Treatment. Philadelphia: WB Saudens, 1990, p. 145 - 9.

29. Patsikas MN, Papazoglou LG, Komninou A, Dessiris AK, Tsimopoulos G. Hip dysplasia in the cat: A report of three cases. Journal Of Small Animal Practice.1998; 39 (6): 290 – 94.

30. Holt, P.E. Hip dysplasia in a cat. Journal of Small Animal Practice. 1978; 19 (5) : 273 - 76.

31. Burk RL, Feeney D.A. Appendicular skeleton - degenerative joint disease. In: Small Animal Radiology and Ultrasonography. 3ª ed. Sauders: Philadelphia; 2003. p. 552 – 77.

32. Bardens JW, Hardwick H. New observations our on the diagnosis and causes of the dysplasia. Veterinary Small Animal Clinic. 1968; 1 (62): 238 – 43. 

33. Kolde DL. Pectineus tenectomy for treatment of hip dysplasia in a domestic cat: a case report. Journal of the American Animal Hospital Association. 1974; 1 (10): 564. 

34. Peiffer RL, Young WO, Blenvis WE. Hip dysplasia and pectineus resection in the cat. Feline Practice. 1974; 1 (4) : 40.

35. Shepherd J. Canine hip dysplasia: aethiology, pathogenesis and eradication. Australian Veterinary Practice. 1986; 16 (2) 71 – 78. 

36. Corley, E.A. Canine hip dysplasia and the Orthopedic Foundation For Animals. Norden News. 1978. 14 - 17.

37. Tellhelm B, Brass WHD. Röntigernaufnahmen qualitat und beurteilung. Kleintierpraxis, 1986; 34 (11): 551 - 60.

38. Tôrres RCS et al. Freqüência da displasia coxofemoral em cães da raça Rottweiler em Minas Gerais. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. 1999; 51 (1): 39 - 40. 

39. Tôrres RCS. Prevalência de displasia coxofemoral em cães da raça pastor alemão. Belo Horizonte: Escola Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais, 1993, 69 p. Tese (Mestrado em Medicina Veterinária).

40. Sommer EL, Grieco CL. Displasia coxofemoral. Clínica Veterinária. 1997; 2 (8): 10 -14.

41. Sturion, D.J.; Medeiros Júnior, L.C. Ocorrência de displasia coxofemoral canina na região de Marília, SP. Unimar Ciências, 1998; 7 (2): 173 - 79.

42. Brass W. Hip dysplasia and dog breeding. Journal Small Animal Practice. 1989; 30 (3): 166 – 70.

43. Piermattei DL, Flo Gl. Displasia coxofemural. In: Manual de ortopedia e tratamento das fraturas dos pequenos animais. 3a ed.São Paulo: Manole, 1999, p. 406 – 10.

44. Kealy JK, Mcallister H. Bones and joints. In: Diagnostic Radiology and Ultrasonographic of Dog and Cat. 3a ed., Philadelphia: Saunders, 2000, cap. 4, p. 254 - 338.

45. Ticer JW. Atlas de posicionamento radiográfico e técnicas radiológicas – articulação do cotovelo. In: Técnicas Radiológicas Na Prática Veterinária. 2a ed., 1987, São Paulo: Roca, cap. 2, p. 136 – 149.

46. Douglas SW, Willianson HD. Sistema Ósseo. In: Diagnóstico Radiológico Veterinário. São Paulo: Manole, 1975, cap. 3, p. 31-69.

47. Sommer EL, Fratocchi CLG. Displasia coxofemoral canina. Educação Continuada 1998; 1 (1): 36 – 43.

48. Medeiros Júnior LC, Calheiros DF. Aspectos radiográficos das osteopatias comuns em cães em crescimento. Nosso Clínico. 2002; 5 (29): 14 – 28.

Entre em contato

Mensagem enviada com sucesso!

A mensagem não pôde ser enviada, tente novamente.